domingo, 27 de maio de 2012

vamos lá falar sobre o kevin

Ora aqui está um filme que me perturbou muitíssimo. Ainda sinto uma ligeira arritmia.
Uma mãe que não teve uma gravidez daquelas que se vendem nas revistas. Ai que bom isto vai ser um espectáculo e eu vou ser uma mãe fantástica. Muitas dúvidas e medos. Que não desapareceram após o nascimento do bébé. Uma depressão pós parto terá ajudado a coisa? Talvez. Um bébé que não pára de chorar e não dorme, é já o suficiente para mandar qualquer pessoa para o manicómio. E a ligação bébé-mãe, absolutamente inexistente ao início (o que é normal, apesar de assustar), custa a desenvolver-se. Ora se isto se passa com quase todas as mulheres, embora muitas mintam porque fica mal, o problema aqui foi agravado porque de facto o puto, desde muito cedo começou a mostrar traços de personalidade no mínimo inquietantes, a par de problemas de desenvolvimento. Claro que tinham de falar sobre o Kevin. Mas para o pai "boys will be boys" e a mãe está a exagerar. E a mãe desgraçada, vê tudo, e culpa-se por tudo. Culpa, tanta culpa há neste filme. E quem é mãe sabe bem o que é a culpa. E afinal de quem é a culpa? Pouco importa. Aliás, acho que a tónica do filme nem é essa. Os psicopatas e assassínos têm todos mães. Provavelmente se os dois tivessem tido uma relação mais serena e cúmplice, a coisa não tivesse acontecido aos 15 anos dele. Mas acontecia aos 30.
E não achei o filme nada redutor, nem pejado de clichés. Achei sim muto profundo e perturbante. E bom, muito bom.

5 comentários:

gralha disse...

Exactamente isso tudo.

Sara disse...

Não gosto de dizer isto,mas, pelo que tenho lido e pela minha própria reacção ao filme, acho que quem tem filhos encarou este filme de uma forma muito particular. Quem não tem filhos fala sobretudo de criança má, de psicopatia. Quem já os tem, fala da culpa. E isso é muito curioso.

anf disse...

gostava de ver, ando a leste de cinema,
bjo

Ana C. disse...

Eu tenho filhos e encarei o filme sob a forma do psicopata e mãe de um psicopata. Nada mais.
Acho que o problema da maior parte das mães, é que pensa que é só com ela que as coisas são dificeis, muitas vezes insuportaveis. ´Dias em que o choro é uma constante e não se sente nada além de cansaço e rotina e solidão e saudades da nossa vida.
A solidão de pensarmos que somos só nós a sentir-nos assim, é fodida.
Se houvesse mais mães a mostrar os dois lados da maternidade, a deixar de pintar um quadro idílico de amor à primeira vista e de enamoramento imediato, este filme, muito provavelmente, não teria batido tão forte.
É esta a minha perspectiva.

Ana C. disse...

E já não falo mais do Kevin :)