Quando me ligam para ir a uma entrevista, o meu entusiasmo já não é o mesmo. Ando nisto há muitos anos. Não me interpretem mal, vou interessada e com esperança, mas tudo numa onda muito relaxed, muito calma. Tive uma entrevista esta semana, e percebi a 10 minutos passados que a coisa não era para mim. Quando ouço a conversa do "trabalha bem sobre pressão?" ou "eu não tenho vida pessoal, aqui na empresa temos muito trabalho", eu só me apetece dizer "olha filha, ninguém trabalha bem sobre pressão, e quem diz que sim, está a mentir e a candidatar-se a um ataque cardíaco fulminante aos 40, ou um cancro, e depois tu não tens vida pessoal porque és dona do estaminé, e de certeza que ganhas bem mais do que os 650 euros que me propuseste". E tenho dito. Não disse mas faz de conta que sim.
E depois o emprego a que me candidatei devia ter um seguro de saúde incluído, com consultas de psicologia à borla, e acesso a lorenins, sedoxil e serenal, porque depois tinha de começar a tratar da minha depressão por trabalhar num dos subúrbios mais feios e deprimentes de Lisboa.
9 comentários:
Essa pergunta também me causa uma certa urticária. Claro que sou capaz de trabalhar sob pressão, mas depois fico assim como estou, a tomar medicação para a ansiedade para ver se o coração fica normalzinho que já não pode de tanto excesso de palpitação.
Há determinadas coisas que eu já não estou para aturar, simplesmente. Abdicar de uma vida própria e da minha saúde são coisas que simplesmente não faço.
Adoro a tua franqueza :D
Já começava a achar que era uma ave rara, a única que acha que é bastante melhor trabalhar sem ser sob pressão. Manias.
Mas tens de ir sempre com a convicção que vais conseguir aquilo, mesmo que não seja o que procuras. Eles que se esmifrem para te conseguir.
Nem mais Analog, também eu já andei a tomar medicação para a ansiedade, já tive ataques de pânico, torcicolos, eu sei lá mais o quê. E para quê? Trabalhar uma vida inteira num emprego que me suga a vida até ao tutano, para deixar um trapo de mulher e de mãe? Para a minha filha ser criada por outros? Para ter muito dinheiro para comprar coisas que não me podem dar um abraço ou dizer que me amam?
(ainda bem que estás melhor)
Gralha, já estive mais longe de ser mesmo franca, devo estar a ficar senil.
Mas tens razão, tenho de ir com esse estado de espírito:-)
As entrevistas também servem para percebermos quando uma oferta não nos interessa.
A conversa dessa senhora era logo para me fazer ficar mal disposta... Há pessoas que não entendem que existe vida para além do trabalho e que trabalhar sob pressão é possível sim, mas será que fica mesmo um bom trabalho?... Hum...
A experiência diz-me que 95% das vezes fica uma trampa (para não usar outro palavreado), tal como quem o faz...
essa coisa da pressão e de não haver vida pessoal porque há muito trabalho chama-se falta de organização. pressão todos os trabalhos acabam por ter, num ou noutro momento, mas quando isso é apresentado como regra da casa é logo de ter medo. :/
eu também vou com expectativas muito baixas para as entrevistas, mas já me tem acontecido de chegar a alguns (poucos) sítios e encontrar pessoas tão humanas nas entrevistas, condições de trabalho boas, etc etc, que depois quando me ligam a dizer que houve alguém que servia melhor para aquele cargo fico destroçada. :)
Nem mais EIMV, e para mim ficou claro como água que a rapariga não tinha filhos.
Bingo Cláudia! Da próxima vez que me vierem com a treta do trabalho sobre pressão eu digo "quem trabalha sobre pressão é porque não é organizado." Trufas! Embrulha!
Na minha última "entrevista" perguntaram-me se era susceptível a gritos e a mandarem-me para a merda de vez em quando. Se estava preparada para dar tudo de mim e eu cá disse que sim, pois que não trabalhava sem dar tudo de mim no projecto.
Vai-se a ver, afinal não me soube bem dar a peida todos os santos dias e a coisa durou 5 meses.
A sério que te disseram isso? Eu fico chocada com a cara de pau destes esclavagistas.
Coisa de artistas, que têm a mania que podem ser diferentes e êxcentricos e enrabadores, sem ninguém lhes levar a mal.
"Este projecto tem que vir sempre primeiro na tua vida, Ana C.", ouvi eu dezenas de vezes, de cada vez que dizia que tinha que ir embora para ir buscar a minha filha à escola (depois de horas infindas de reunião não produtiva).
Ao que respondia: Lamento muito o choque que te vou dar, mas em primeiro lugar vem a minha família.
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