Cheguei a Dakar já de noite. Apesar de já ser tarde reina o caos no aeroporto. Dezenas de pessoas esperam nas ruas, táxis apitam, camionetas cheias, bandos de crianças. Estes pequenos "capitães da areia" aproximam-se imediatamente de nós qual predador que avistou a sua presa. Puxam-nos a roupa, pedem-nos canetas com um ar de cachorrinho abandonado. Eu ía dar a minha caneta quando uma colega me diz que é melhor não, porque alguns miúdos as usam para cheirar cola. Disse que não tinha canetas, mas perguntei se gostavam de futebol. Claro que sim, começam a falar entusiasmadas do Figo e do Benfica, assim que percebem que somos portugueses. Não tarda muito aparece a polícia que os enxota como se fossem um bando de mosquitos.
Finalmente aparece a nossa camioneta para nos levar ao hotel. Que viagem meu deus.
As estradas são de terra batida, não há sinalização, pouquíssima iluminação, regras então nem vê-las. É um salve-se quem puder. As ruas estão cheias de pessoas a passearam, a venderem fruta (que bancas maravilhosas!), a dormirem no chão, ou simplesmente sentadas. Qualquer espacinho serve para se fazer negócio, malas Gucci, ténis All-Star, artesanato, relógios, águas e fruta, bolos, gelados e cafés.
E é quase meia-noite.
Chego ao hotel vou mudar de roupa ao quarto e desço ao bar para comer qualquer coisa. Sou atendida por um luso descendente, Jorge Silva, que me diz aquela hora só haver sandes de perú. Desolada, explico-lhe que não como carne. Ele pede-me para esperar e sai do bar. Regressa passado um pouco com o Chef do hotel. Apresenta-nos, o Chef dá-me um passou-bem, como está e diz-me para o acompanhar. Leva-me para a cozinha e pergunta-me o que quero comer, mostrando-me os ingredientes que tem. Enquanto me prepara uma sandes de atum, um sumo de laranja natural, e uma manga, faz-me perguntas sobre Portugal. Despede-se de mim com um "Anything you want you say, ok?".
Ok.
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